Notícia Entrevista a Luísa Vale, Sócia de Honra da Orquestra Geração

Luísa Vale, Sócia de Honra da Orquestra Geração, é licenciada em Engenharia Química, pelo Instituto Superior Técnico, com uma Pós-Graduação em Direito Comunitário, pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Começou a sua atividade profissional na Administração Pública, onde trabalhou em áreas ligadas com a sua formação académica, ligadas à poluição atmosférica e energias renováveis, e mais posteriormente passou para a gestão de Fundos Comunitários.
Como teve conhecimento da Orquestra Geração? De que forma apoia o projeto e porque decidiu fazê-lo?
Depois de uma breve passagem por gabinetes de membros do Governo, ingressei da Fundação Calouste Gulbenkian onde tive a oportunidade de vir a desenvolver atividade na área do Desenvolvimento Humano, que tinha como principal objetivo apoiar técnica e financeiramente organizações e projetos de ajuda a pessoas mais vulneráveis. Neste âmbito, foi dada particular atenção a projetos centrados na procura de soluções multidisciplinares e inovadoras que "quebrassem" ciclos intergeracionais de pobreza e de exclusão social. Um dos primeiros projetos que, no quadro desta lógica, foi apoiado pela Gulbenkian foi precisamente o Projeto Geração, concebido pela Câmara Municipal da Amadora em colaboração com a Fundação. Este projeto agregava diversas iniciativas, a maior parte delas focadas nas crianças e nos jovens em idade escolar e articuladas com o Agrupamento Escolar Miguel Torga com vista a melhorar os indicadores de abandono e insucesso escolar, através da capacitação dos alunos para a resolução de problemas e a superação de dificuldades. Era um projeto plurianual e a cada novo ano letivo iam sendo adicionadas novas iniciativas que iam dando corpo e coerência à intervenção e lhe davam a amplitude necessária para ter impacto e reconhecimento junto quer da comunidade educativa, quer das famílias dos alunos dos diversos graus de ensino. É assim que em 2007 é adicionado ao Projeto Geração uma nova iniciativa, a Orquestra Geração, que utiliza a prática orquestral para o treino de competências fundamentais para um desenvolvimento pessoal equilibrado.
A integração desta nova iniciativa no Projeto Geração ou, mais concretamente, o nascimento da Orquestra Geração surge do encontro feliz de uma Oportunidade com um Sonho. A oportunidade criada pela Câmara Municipal da Amadora e pela Fundação Calouste Gulbenkian de financiarem uma iniciativa inovadora para o desenvolvimento e capacitação de crianças e jovens, com o sonho do António Wagner Diniz de trazer para Portugal um projeto nascido na Venezuela e já com um longo percurso de sucesso, assente numa metodologia que facilitava o acesso das crianças à prática orquestral, contribuindo assim para o seu desenvolvimento.
Qual é o balanço que faz resultante do apoio da Fundação Gulbenkian?
É um balanço muito, mesmo muito positivo, que se traduziu em muitos anos de financiamento e colaboração no quadro de uma parceria que se foi alargando ao longo do tempo e à medida que os resultados mostravam a importância que a Orquestra Geração tinha nos percursos de um número crescente de crianças e jovens.
Apesar do grande entusiasmo gerado em torno deste projeto e do amplo reconhecimento dos resultados obtidos há que reconhecer e salientar que o já longo percurso da Orquestra Geração até aos dias de hoje só foi possível graças à determinação e persistência do António Wagner Diniz.
Quais foram os momentos mais gratificantes desde que começou a apoiar o projeto?
Foram os movimentos de aproximação entre a Comunidade e a Escola potenciados pela existência da Orquestra Geração. Foi o reconhecimento do papel da Orquestra na melhoria dos indicadores de sucesso escolar, o apoio explícito do Ministério da Educação, a descoberta de talentos, a adesão de outros municípios ao projeto, a multiplicação de entidades que de várias maneiras reconheceram e tem apoiado o projeto, a criação de empregos para jovens músicos, como professores no quadro do projeto, são alguns exemplos.
Como gostaria de ver a Orquestra Geração no futuro?
Adorava que este projeto continuasse a crescer, quer em número de crianças envolvidas, quer na expansão para novos territórios neste País, quer ainda no número de patrocinadores, pois isso seria a prova de que a nossa sociedade finalmente teria percebido como é fundamental investir e envolver-se fortemente na educação, na capacitação e no acompanhamento das "nossas" crianças e jovens dando-lhes assim a oportunidade de terem um desenvolvimento equilibrado e percursos bem sucedidos.
É o Futuro da nossa sociedade que está em causa e essa responsabilidade é coletiva, não é só do Estado e das Famílias, é uma responsabilidade de todos nós.