Notícia Conheça Mário Laginha e Edvânia Moreno, a terceira dupla do B-Me!

Mário Laginha e Edvânia Moreno são a terceira dupla de músicos a representar Portugal no projeto B-Me. Os músicos estão a cocriar uma composição original que une as identidades culturais, na esperança de realçar o valor da diversidade cultural.

Mário Laginha, pianista e compositor português, encarou o projeto como um desafio. O convite, como disse o próprio, “era irrecusável”, já que o músico se apaixonou pelo conceito do desafio: usar como fonte de inspiração a música do país de origem do par.

Por outro lado, foi a oportunidade de trazer ao público a cultura musical cabo-verdiana que impulsionou a artista cabo-verdiana a integrar o projeto B-Me. Edvânia Moreno, violinista e encarregada de orquestra da Orquestra Geração, espera que o “projeto traga uma maior compreensão ao público sobre os diferentes géneros musicais, que normalmente não são tocados por orquestras sinfónicas”.

O projeto B-Me é cofinanciado pela União Europeia e associa compositores locais a músicos refugiados ou migrantes para cocriar composições musicais originais que fazem a ponte entre as diferentes identidades culturais.

Leia os testemunhos dos músicos.

 

Mário Laginha

“A associação ao projeto B-Me nasceu de um convite irrecusável. Escrever para uma orquestra jovem, com as características da Orquestra Geração, é um desafio à nossa capacidade de compreendermos as suas especificidades e de sabermos encontrar uma linguagem e uma escrita que vá ao encontro dos músicos que a integram. Gosto de desafios.

A ideia de usar como fonte de inspiração a música do país de origem de um desses músicos pareceu-me apaixonante. No meu caso, a escolha da Edvânia Moreno não podia ter sido mais feliz. Foi ela que sugeriu e me deu a conhecer o batuque cabo-verdiano e me chamou a atenção para algumas particularidades do batuque que se tornaram nucleares na peça que escrevi.

Quis escrever música que desafiasse de alguma forma os jovens músicos e, talvez mais importante, lhes desse prazer tocar. Se eu for bem sucedido nesse propósito, acho que a mais provável consequência é o destinatário (o público) ter também prazer a ouvi-la. Se isso acontecer, terei sido bem sucedido”.

Biografia:

Com uma carreira que leva já mais de duas décadas, Mário Laginha é habitualmente conotado com o mundo do jazz. O pianista e compositor português estabeleceu-se como um dos mais célebres músicos em Portugal. O seu trabalho é influenciado pelo jazz e pela música do continente africano, influenciando a sua escrita e música, tanto ritmicamente e sonoramente. A música clássica também desempenhou um papel significativo na sua abordagem ao piano, com um maravilhoso equilíbrio flutuante e uma elegância semelhante a Chopin na sua execução.

 

Edvânia Moreno

“Vi neste projeto a oportunidade de trazer e honrar um pouco da cultura musical que faz parte da minha identidade. Deixa-me muito entusiasmada poder trabalhar com compositores, e mais tarde com uma orquestra, que vão dar corpo e vida a esta criação.

Estou bastante curiosa para ver o resultado do "casamento" dos diferentes mundos, mas mais ainda pelo processo de criação, onde há momentos de partilha, de recolha de elementos característicos e da história por detrás dos géneros musicais, o que resulta na obra que se quer criar, juntamente com a mensagem que será passada.

Acredito também que o projeto trará uma maior compreensão ao público sobre os diferentes géneros que normalmente não são tocados por orquestras sinfônicas”.

Biografia:

Natural de Cabo Verde, mais propriamente da Ilha de Santiago, iniciou os seus estudos musicais em 2008/09 no projeto Orquestra Geração, em violino. Em 2015, ingressou na Escola Profissional Metropolitana De Lisboa onde concluiu, em 2018, o 12º ano.

O seu percurso como aluna do projeto Orquestra Geração possibilitou a participação em vários estágios de orquestra, tanto em Portugal como no estrangeiro, a oportunidade de trabalhar com vários maestros e de poder tocar em diversas salas.

No ano letivo 2019/2020 ingressou na Escola de Jazz Luís Villas-Boas com o intuito de aprofundar os seus estudos na vertente jazzística e poder ampliar o leque de opções dentro da área da música. Ao longo deste período, teve oportunidade de trabalhar diretamente com vários músicos de renome que têm contribuído para o crescimento Jazz em Portugal. Atualmente, encontra-se a tirar a licenciatura em Jazz e, em simultâneo, explora a música tradicional de cabo-verde, mantendo o contacto com as suas raízes. É também professora de violino na Academia Desafios, na Amadora.

Integra os projetos da Orquestra Geração e GeraJazz, não só como aluna, mas também como encarregada de orquestra, dando apoio aos professores; da Orquestra de afetos, desde 2020; e do grupo musical Active Mess, formado em 2017, com quem teve a oportunidade de gravar, em 2020, em estúdio e lançar a sua primeira composição original de título "MMXX".